O texto a seguir foi extraído de artigo publicado dia 15/01/2012 no Jornal Diário de Cuiabá.
Constelações familiares é o método de ajuda criado pelo teólogo, terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger. Ao longo de anos de estudo e observação, que se iniciaram com sua atuação como padre missionário na África, Bert Hellinger se deparou com leis, ou ordens, que atuam na família, e nos grupos sociais. Três são as leis que dão base a esta abordagem: o direito de pertencer (estabelecido pelo vínculo), o equilíbrio entre dar e receber e a hierarquia (estabelecida pela ordem de chegada no sistema).
Todo sistema familiar se rege por uma consciência comum, obediente às três leis, que une todos os membros que dele fazem parte preocupando-se com o direito de cada um e cuidando que ninguém seja excluído. No sistema em que algum membro seja esquecido ou menosprezado se desenvolvem identificações ou implicações sistêmicas, inconscientes, que podem causar os chamados transtornos psíquicos, doenças, condutas conflitivas ou a incapacidade de avançar e ter sucesso na vida. Obstáculos e comportamentos que se apresentam sem que a situação atual da pessoa seja suficiente para explicá-los podem ser causa de acontecimentos remotos ocorridos na família de origem, vivências de seus pais e antepassados mais antigos.
A constelação familiar é um método de ajuda a serviço da reconciliação. Quando o lugar de cada membro do sistema é restituído e respeitado, na sua particularidade e destino, recupera-se então a ordem e o equilíbrio. Dessa forma cada integrante conta com a força plena para viver e o amor entre eles pode fluir livremente.
Na constelação familiar se trabalha com representantes neutros dos membros do sistema familiar, ou grupo social, do cliente que apresenta uma questão que lhe aflige. Com a representação o cliente poderá ver para onde olha o seu amor e assim permitir que as leis sejam novamente honradas restabelecendo a ordem no sistema. Na constelação vem à luz, através dos representantes, quem são os excluídos e como podem ser reintegrados na família e no coração, para alívio de todos no sistema.
Em um workshop vivencial de constelações familiares são trabalhadas questões pessoais trazidas pelos integrantes do grupo. Integrantes estes que poderão levar uma questão a ser constelada ou não. Por isso, é possível participar como ouvinte atuando como representante e assistindo aos trabalhos, sem a obrigatoriedade de constelar.
O constelador, ou facilitador, entra em sintonia com o cliente e o sistema, respeitando sua autonomia, sem intenção ou julgamento, totalmente aberto ao que possa surgir no campo da constelação. O constelador, na função de ajudante, apenas auxilia o cliente a ver o que se mostra, não estabelecendo nenhum vínculo terapêutico. Através da constelação o cliente pode ter uma compreensão dos sucessos ou insucessos no seu sistema e segue livre com o que lhe foi mostrado. Podendo, talvez, reconhecer o próximo passo a ser dado em direção a uma vida mais leve e suave.
* LUCÍA POZZI é terapeuta e facilitadora em Cuiabá/MT